quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Conclusão

Galera, a viagem foi incrível, só alegria, não posso reclamar de nada, tudo foi bom... Até mesmo a queda no meio do deserto foi motivo para risos. Aprendi muito nesta viagem e quero repetir, mas da próxima vez espero repetir com alguma parceria.

Preparação para a viagem: é claro que não sou louco e muito menos não tenho nenhum parafuso faltando. Acredito que pensei em tudo ou quase tudo para a viagem. Vou dar dicas no que se deve pensar para quem está interessado em fazer uma longa viagem de moto.

  1. Primeiro: A roupa, creio que seja a peça tão fundamental quanto a própria motocicleta. A roupa que utilizei durante a viagem custou R$ 1.500,00. Ela é resistente ao frio, 100% impermeável e possui proteção em caso de queda. Se não fosse essa roupa não teria como ir ao Chile, afinal, lá faz o maior frio. Além de a FAZER ser uma moto muito confortável, utilizei a roupa apropriada que não agride a pele, ou seja, não causa assaduras. No último dia de viagem estava tão bem fisicamente quando no primeiro dia.
  2. Segundo: O calçado. Neste sentido eu utilizei o calçado que mais gosto e não o calçado mais apropriado. Diria que o calçado mais apropriado seria uma bota própria para motociclista que seja impermeável e evita lesões em caso que queda. Porém usei uma bota de couro bem no estilo gaúcho. É meu calçado preferido e não me arrependo em ter utilizado, pois supriu a necessidade quando ao frio (tive sorte em não pegar chuva). Único problema neste tipo que calçado que utilizei é correr o risco se torção em caso de queda.
  3. Terceiro: a motocicleta, pois acredito que utilizei uma motocicleta apropriada para essa viagem por dois motivos. A injeção eletrônica que é fundamental no Chile (devido à altitude) e as rodas de liga leve com pneu radial que acredito dar mais segurança. Lembre-se que motocicleta não tem step.
  4. Quarto: ainda referente à motocicleta e ao item pneu, devo alertar que existe no mercado um produto chamado selante para pneu. É uma espécie de “gosma” que estanca o furo no pneu evitando a perda de ar. Em caso de uma longa viagem com uma motocicleta (ainda mais atravessando o deserto do Atacama) não tem como não utilizar esse produto. Ele funciona muito bem com roda de liga leve com pneu radial, vale a pena...
  5. Quinto: Google Earth, esse software é muito interessante, pois permite criar a exata rota que será percorrida, também permite ver a rota com fotos ou no mapa. Desta forma pode–se ter uma noção melhor do que vem pela frente.
  6. Sexto: Guia 4 Rodas, esse outro software é incrível quando o assunto é dinheiro, ele possui cálculos exatos para prever o gasto de uma viagem. Recomendo o software para quem gosta de viajar, ele é realmente preciso. A cada ano sai atualização de mapas, valores de pedágio, hotéis, restaurantes, etc.
  7. Sétimo: Previsão do tempo, através do site Clima Tempo (www.climatempo.com.br), em aproximadamente um mês de antecedência acompanhei todos os dias a previsão do tempo do Chile, principalmente nas cidades por onde passei. Desta forma estava ciente do que ia pegar pela frente.
  8. Oitavo: Tão importante quanto saber se o local por onde vou passar terá sol ou chuva, é saber se fará frio ou calor. Então, no mesmo site Clima Tempo analisei a temperatura das cidades por onde pretendia passar. Desta forma já estava preparado para pegar calor superior à 40ºC durante o dia e inferior a 0ºC à noite. Essa informação é importante até mesmo para fazer as malas.
  9. Nono: Combustível reserva. Pelo fato de morar próximo da Argentina e conhecer aquele país tão bem e saber do grave problema de logística que a Argentina enfrenta, me preparei com combustível reserva. E quer saber... Ainda bem que me preparei com o combustível, pois tive que utilizar. Aconteceu em vários momentos de chegar em postos de combustível e a gasolina estar em falta. Também aconteceu no Chile de andar aproximadamente 500km de nada, nem mesmo posto de combustível.
  10. Décimo: Celular, claro que o mesmo não funciona no meio do deserto, mas mesmo assim habilitei o aparelho para fazer ligações internacionais, então quando chegava em alguma cidade poderia fazer ou receber ligações, desta forma pude deixar milha família sempre tranqüila. Também conversei com os amigos e familiares via Internet, mas não é sempre que se consegue. Na Argentina e no Chile a Internet está pelo mesmo 10 anos atrasada, funciona muito mal, cai o tempo todo. Nestes casos, vai o celular mesmo.
  11. Décimo primeiro: GPS com mapas atualizados dos locais por onde pretendo passar. Nesta viagem percebi como é útil um GPS. Não precisei pedir informação, pois tinha a informação na minha mão o tempo todo. Sabia direitinho por onde passar, também sabia a distância do posto de combustível, hotel ou restaurante mais próximo. Consegui até prever o horário que chegaria em determinada cidade, isso é muito importante, pois segundo moradores locais é extremamente perigoso ficar sozinho no deserto durante a noite, então o GPS foi uma solução inteligente.
  12. Décimo segundo: Capacete de qualidade. Dizem os expert quando o assunto é motocicleta que cada categoria deve ter uma certa qualidade de equipamento. Eu gosto muito de utilizar o M3000 da ZEUS. Considero um bom equipamento. Quando caí no deserto não tive nenhum aranhão, isso prova que estava realmente bem equipado.
  13. Décimo terceiro: Costumo dizer que no último dia de viagem estava tão bem fisicamente quando no primeiro dia, isso se deve ao equipamento que utilizei. Estava realmente confortável em cima da moto. Durante a viagem usei cito para a coluna e para os ombros. Esse cinto permite que o motociclista viaje em longas distancias sem precisar parar para descansar ou se alongar. Desta forma em momento algum senti dor na coluna ou qualquer outra parte do corpo.
  14. Décimo quarto: Ferramentas, mesmo tendo equipamentos de alta qualidade é importante viajar prevenido, isso eu demonstrei no item “Tudo pronto” (menu da esquerda). Levei ferramentas para fazer a manutenção da moto. Também fiz um rápido “curso” com meus amigos da MOOS MOTOS de TUPARENDI-RS. Onde pude aprender várias técnicas de manutenção da moto, caso fosse necessário.
  15. Décimo quinto: Roupa velha, durante os dias que estava na estrada e não havia visitação usava roupas velhas que mais tarde eram abandonadas nos hotéis. Decidi fazer isso para aliviar o peso da moto, até porque durante a viagem sempre se compra alguma bugiganga para trazer para casa como recordação.
Momentos de dificuldade: passei por dois momentos de dificuldade, mas em ambos os momentos a situação foi semelhante. É muito engraçado o clima no deserto, durante o dia (nesta época do ano) faz calor mais 40ºC e a noite chega a 0ºC. Durante todo o tempo que estive no deserto tinha vento forte, é um vento realmente forte que não para um segundo se quer. A 4.170 metros de altura a moto não passava dos 60Km/h e fazia menos de 20km/l. A altitude deixa a pessoa cansada durante todo o tempo. Em dois momentos estava no meio do deserto, era aproximadamente 16 horas e a partir deste momento começa a cair à temperatura. Lógico que estava com roupa apropriada para o frio, então isso não me preocupava. Mas o meu medo era de não conseguir chegar em uma cidade antes de anoitecer. Mesmo com dois galões de gasolina (5 litros cada) também havia o medo de ficar na estrada, pois a moto estava queimando muito combustível. Cheguei a pegar mais de 500km sem posto de combustível. Diz às pessoas que vivem lá que é realmente perigoso à noite no deserto. Por fim, nas duas vezes deu tudo certo, consegui chegar em uma cidade quando o sol já estava se pondo.

Sugestão para quem quiser fazer a viagem: comece pelo Sul e siga em direção ao Norte. Eu fiz o inverso pegando primeiro o deserto e as salinas, isso desgastou muito minha moto, por pouco fico na estrada. Fazendo o percurso inverso, as chances de ficar na estrada são mínimas, pois estará mais próximo do final da viagem.

Custo da viagem: Parece até estranho falar, mas a viagem custou R$ 1.200,00. Tenho dois motivos para isso, a moto é um veículo econômico e a moeda brasileira está muito bem cotada.
R$ 1,00 equivale a 2 pesos argentino.
R$ 1,00 equivale a 288,08 pesos chileno.

Detalhe: Durante toda a viagem, geralmente o meu almoço era uma barra de cereal. Isso porque sempre estava longe de tudo neste horário. A barra de cereal é um bom alimento para esses momentos. Também sempre levava comigo água. Como a noite estava sempre em alguma cidade, aproveitava para conhecer a culinária do local e freqüentava os melhores restaurantes. Olha só que interessante: no Chile abacate não é fruta e sim salada. Aproveitando a oportunidade tenho que avisá-los que é rigorosamente proibido entrar no Chile com qualquer tipo de fruta ou queijo. No Chile estão os melhores frutos do mundo, isso porque devido ao clima e a altitude não existe pragas, então trazer frutos de fora é crime.

O povo chileno: Sinceramente me surpreendi com o povo chileno. São pessoas humildes, adaptados a região e muito inteligente. Durante toda a viagem fui muito bem tratado. As pessoas no Chile não muito educadas e responsáveis no trânsito.

Olha só a situação de vivenciei várias vezes: Quando passava um trilho de trem sobre a estrada, mesmo estando no meio do deserto com ampla visão, sem trem algum nas proximidades, todos paravam para olhar nos dois lados e só então atravessavam o trilho.
Outro item que me chamou a atenção é a baixa criminalidade, mas compreendi isso quando vivenciei um fato inusitado. Em uma noite sai para jantar, mas na volta não conseguia achar o hotel que estava hospedado, então comecei a dar voltas para localizar. A polícia viu uma motocicleta de fora dando voltas na cidade e acionou a sirene da viatura, lógico que parei a moto. Eles me questionaram o que estava fazendo. Expliquei a situação e eles me levaram até o hotel. Mesmo sendo eu estranho, foram educados. O que mais me chamou a atenção é a eficiência da polícia naquele lugar, eles não deixam criar o problema, pois evitam as coisas antes de acontecer.
Posso dizer que o Robson que voltou de viagem é diferente daquele que partiu em direção do Chile. Aprendi coisas que pretendo aproveitar na minha vida, no meu trabalho e nas relações com as pessoas.

E-mail / msn: robsonreuter@msn.com

13 comentários:

  1. Sem duvida vou aproveitar muito suas dicas e tambem sera de bom proveito saber as suas conclusoes, vlw cara
    abraço

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  2. Seu "Diario de Bordo" sobre essa viagem foi espetacular e pretendo aproveitar suas dicas ao maximo quando eu for realizar meu sonho de fazer uma viagem dessas..........
    Abraços irmão!!!!!!!1

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  3. Gostei muito do seu relato da viagem.
    Também pretendo um dia fazer essa viagem com a patroa.

    Parabéns e que outras viagens apareceram.

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  4. cara, parabens pela viajem, coisa linda mesmo
    vc poderia manda para a gente mais detalhes desse tal colete que vc usou para as costa???

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  5. ola amigo, estou pretendendo fazer uma viajem para o mesmo local, e gostaria de saber sobre esse gasto que você comentou de R$1,200 reais,gostaria de saber se foi seu gasto total com gasolina e tudo mais, desde ja grato

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  6. desculpe, meu mail é: andreirewell@hotmail.com
    Grato.

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  7. meu e mail é o_r_d_n_a_v_e@hotmail.com
    estou aguardando sua resposta

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  8. desculpa o erro, sou o evando que postou sobre o colete mais acima

    Grato

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  9. Parabéns Robson !!!
    Suas dicas são muito valiosas e fazer uma viagem desta sozinho requer muita coragem.
    Fui recentemente com um parceiro de Vitória (ES) para Chapada Diamantina (BA) fazendo depois um tour pelo litoral Baiano... nesta brincadeira, 3.500km e aproveitando suas palavras: INESQUECÍVEL.
    Se um dia estiver por aqui, mande um e-mail pra que eu possa dar sugestões de roteiros que já passei.
    Abraços e continue Viajando !!!
    Manoel Rodrigues (manoel.lourenco@uol.com.br)

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  10. Cara, meus parabéns, essa viagem é fantástica. Estou pensando em realizar uma viagem dessas pelo final desse ano. Mas pra mim é um "pouco" mais longe, já que moro em Poços de Caldas-MG, divisa com o estado de SP. Vai demandar uns 25 dias, então tem que ser bem programada assim como a sua.
    Valeu pela inspiração, abraços!

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  11. Pô cara, viagem realmente massa.
    O mais interessante é q foi de fazer e gastou pouco dinheiro, mostrou q grana não é desculpa. Um dia ainda faço algo parecido, más pelo Brasil mesmo. (Sou de Minas)
    No mais tbem fiquei curioso sobre este colete para as costas.
    Vlw.

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